A parábola do Semeador
Capítulo XVII – E.S.E.
Estudo Espírita – C.E. Paz União e Fraternidade – 24-11-2015 – João Lima
AS PARÁBOLAS E A SUA INTERPRETAÇÃO
Na acepção geral do termo, parábola é uma narrativa que tem por fim transmitir verdades indispensáveis de serem compreendidas.
As 32 Parábolas dos Evangelhos são alegorias que contêm preceitos de moral. O emprego contínuo, que durante o seu ministério Jesus fez das parábolas, tinha por fim esclarecer melhor seus ensinos, mediante comparações do que pretendia dizer com o que ocorre na vida comum e com os interesses terrenos. Sugeria, assim, o Mestre, figuras e quadros das ocorrências cotidianas, para facilitar mais aos seus discípulos, por esse método comparativo, a compreensão das coisas espirituais. (C. Shuttel).
A parábola do semeador
O objetivo deste estudo é buscar a essência de cada uma das sementes, narradas pelo evangelista, no sentido de verificar em que grau está a nossa semeadura.
É muito importante compreender ao estudarmos esta parábola, que JESUS durante a sua missão na terra, circulava pela Galiléia entre camponeses poetas. Camponeses que viviam da agricultura fazendo seu trabalho árduo e diário junto a terra mas que também não deixavam de ter uma profunda sensibilidade religiosa cultivada nas sinagogas, no templo de Jerusalém, ouvindo as histórias, as máximas morais extraídas do antigo testamento.
Eram então pessoas que circulavam entre o altar da natureza e adoração a Deus e o trabalho diário repleto de esperança de muito esforço e de muito sacrifício. E para se entender esta parábola é necessário aqui resgatar sobre uma característica essencial da agricultura na Galileia de 2000 anos atrás. O terreno não era preparado antes de ser lançada a semente. Pelo contrario, depois da colheita, depois que aterra foi pisoteada depois que animais circulavam no campo que toda sorte de espinhos, ervas daninhas, pedras, pedregulhos, estavam sobre o terreno, o lavrador lançava a semente e vinha então com um animal que puxava uma espécie de arado e aí então o arado sulcava a terra deixando-a preparada para o crescimento da semente que já havia sido lançada.
Na agricultura de hoje sabemos que o lavrador prepara antes o terreno, arando adubando, corrigindo o PH da terra, para somente depois lançar a semente.
Nesta parábola encontramos um semeador que sai a semear, e porque a terra não foi antes preparada, de acordo com a cultura da época, essa semente cai na beira do caminho, que é o caminho por onde passavam os lavradores no momento anterior, quando houve colheita, cai também sobre espinheiros, e cai sobre pedregulhos que eram lançadas no processo da colheita anterior, o que mostra que a semeadura era irrestrita e o trabalho da terra é feito somente depois que a semente foi lançada pelo semeador.
Então vale a pena lermos detalhes desta parábola, sem a pretensão de esgotarmos nestes breves minutos a sua analise espiritual.
Vamos então á parábola, como transcrita do Evangelho Segundo o Espiritismo:
Naquele dia, saindo Jesus de casa, assentou-se à borda do mar. E vieram para ele muita gente, de tal sorte que, entrando em uma barca, se assentou, ficando toda a gente de pé na ribeira; e lhes falou muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis aí que saiu o que semeia a semear. E quando semeava, uma parte das sementes caiu junto da estrada, e vieram às aves do céu, e comeram-na. Outra, porém, caiu em pedregulho, onde não tinha muita terra, e logo nasceu, porque não tinha altura de terra. Mas saindo o sol se queimou, e porque não tinha raiz, se secou. Outra igualmente caiu sobre os espinhos, e crescendo os espinhos, a afogaram. Outra enfim caiu em boa terra, e dava fruto, havendo grãos que rendiam a cento por um, outros a sessenta, outros a trinta. O que tem ouvidos de ouvir, ouça. (Mateus, XIII: 1-9)
A Parábola do Semeador sintetiza os caracteres predominantes em todas as almas. Compara a providencia divina ou a ação orientadora de Deus a um semeador.
A semente é a palavra de Deus, lançada indistintamente. Os conselhos espirituais, as revelações são dadas a todos os filhos de Deus. Sem nenhum preconceito e de forma irrestrita.
Mas cada qual vai receber estas sementes, de acordo com a qualidade da sua “terra íntima”.
A Palavra de Deus, a “semente”, é uma só, em todos os tempos e lugares.
A sua absorção e aplicação, depende da variedade e da desigualdade dos Espíritos que povoam a Terra.
E podemos dizer mais, cada um de nós ira produzir de acordo com as potencialidades do seu próprio espírito.
Lembremos que a Deus incumbe de dar nos o Sol, dar a chuva, os nutrientes, corrigir o crescimento, elementos que estão implícitos nesta parábola.
Jesus compara a sua ação de anúncio do reino de Deus, de anúncio da mensagem libertadora do Evangelho, a atividade de um semeador o que é muito bonito pois tocava o coração dos camponeses que o ouviam e nos leva a uma reflexão muito profunda de que a atividade do evangelho tem muito a ver com as virtudes necessárias para um agricultor, entre elas a fé e a confiança no mais alto. E de que teremos uma boa colheita se sob seus preceitos trabalharmos.
A nossa casa mental:
A nossa casa mental pode ser dividida em 3 partes:
Subconsciente: residência de nossos impulsos automáticos, simbolizando o sumário vivo dos serviços realizados – hábitos e automatismos; é a mente não racional.
Consciente: “domínio das conquistas atuais”, onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos edificando – esforço e vontade; é a mente racional.
Superconsciente: “casa das noções superiores”, indicando as eminências que nos cumpre atingir – ideal e meta superiores, aspirações máximas do espírito.
A semente atirada ao longo do caminho
A parte da semente jogada ao pé do caminho, que é comida pelas aves, representa a Palavra do Plano Maior recebida, sem que nos modifique, ou sem que nos desperte a ação.
A semente que cai nas pedras e nos espinheiros.
O pedregal e o espinheiro representam a pouca base de nosso vaso interior para a assimilação da palavra divina.
Esta parte da semente está relacionada com a questão de ser religioso e ter uma religião.
Ter uma religião é seguir o que o pastor diz, o que o padre prega e o que os tribunos falam. Ser religioso é modificar-se interiormente e agir exteriormente de acordo com os preceitos do Evangelho.
A semente que cai em terreno fértil
A semente que cai em terreno fértil diz respeito àquela palavra que, em nos encontrando atentos e receptivos, se assenta em fundamentos que nos são próprios, sólidos e bem estruturados.
A semente que cai em terreno fértil pode, também, ser comparada à expansão do nosso “eu”, ou seja, quanto mais pessoas comungam com os nossos ideais do bem, tanto mais a semente cresce em fortaleza.
A semente e o SER Espírita
Encontra respaldo nas diversas categorias de Espíritas
1) Naqueles que se apegam aos fenômenos materiais, e deles não tiram nenhuma consequência.
2) Naqueles que não procuram senão o brilho das comunicações dos Espíritos.
3) Naqueles que acham os conselhos muito bons e os admiram, mas deles fazem aplicação nos outros e não em si mesmos.
4) Naqueles para quem essas instruções são como a semente caída na boa terra e produzem frutos.
Conclusão
Os ensinamentos contidos nesta parábola faz-nos refletir sobre a função primordial de cada um de nós no esclarecimento, trabalho continuado, enfim, na caridade em relação ao nosso irmão.
Assim, ao clarearmos o campo mental daqueles que nos ouvem, estaremos plantando em terra boa, e a palavra divina produzirá a cento por um.
Bibliografia
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., Brasília, FEB.
SCHUTEL, C. Parábolas e Ensinos de Jesus. 11. ed., São Paulo, O Clarim, 1979.
XAVIER, F. C. No Mundo Maior, pelo Espírito André Luiz. 7. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.
DIAS, D. Haroldo O Novo Testamento, 1ª Edição – Brasília, FEB, 2013.
GREGORIO, B. Sérgio – A parábola do Semeador.
DIAS, D. Haroldo – TV CEI – Perolas do Evangelho
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