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fevereiro | 2018 | Site de Estudos Espíritas - João Lima

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Estudo de O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capitulo 2 – A VIDA FUTURA

 

Centro Espírita Anita Borela de Oliveira– 31/01/2018

 Compromisso.

No evangelho de João temos…

  1. Pilatos, tendo entrado de novo no palácio e feito vir Jesus à sua presença, perguntou-lhe: És o rei dos judeus? – Respondeu-lhe Jesus: Meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, a minha gente houvera combatido para impedir que eu caísse nas mãos dos judeus; mas, o meu reino ainda não é aqui.

Disse-lhe então Pilatos: És, pois, rei? – Jesus lhe respondeu: Tu o dizes; sou rei; não nasci e não vim a        este mundo senão para dar testemunho da verdade. Aquele que pertence à verdade escuta a minha           voz. (S. JOÃO, 18:33, 36 e 37.)

A Vida Futura

Por essas palavras, Jesus claramente se refere à vida futura, que ele apresenta, em todas as circunstâncias, como a meta a que a Humanidade irá ter e como devendo constituir objeto das maiores preocupações do homem na Terra.

Todas as suas máximas se reportam a esse grande princípio.

Com efeito, sem a vida futura, nenhuma razão de ser teria a maior parte dos seus preceitos morais, donde vem que os que não creem na vida futura, imaginando que ele apenas falava na vida presente, não os compreendem, ou os consideram fúteis e infantís.

Kardec alerta que esse dogma da vida futura pode, portanto, ser tido como o eixo do ensino do Cristo, e por este motivo foi colocado num dos primeiros lugares a frente do Evangelho Segundo o Espiritismo.

É que A Vida futura tem de ser o ponto de mira de todos os homens; só ele justifica as anomalias da vida terrena e se mostra de acordo com a justiça de Deus.

Ideias sobre a Vida Futura  –  Os Judeus

Apenas idéias muito imprecisas tinham os judeus acerca da vida futura.

Acreditavam nos anjos, considerando-os seres privilegiados da Criação; não sabiam, porém, que os homens podem um dia tornar-se anjos e partilhar da felicidade destes.

Segundo eles, a observância das leis de Deus era recompensada com os bens terrenos, com a supremacia da nação a que pertenciam, com vitórias sobre os seus inimigos.

As calamidades públicas e as derrotas eram o castigo da desobediência àquelas leis. Moisés não pudera dizer mais do que isso a um povo pastor e ignorante, que precisava ser tocado, antes de tudo, pelas coisas deste mundo.

Mais tarde, Jesus lhe revelou que há outro mundo, onde a justiça de Deus segue o seu curso.

É esse o mundo que ele promete aos que cumprem os mandamentos de Deus e onde os bons acharão sua recompensa. Aí o seu reino; lá é que ele se encontra na sua glória e para onde voltaria quando deixasse a Terra.

Jesus, porém, conformando seu ensino com o estado dos homens de sua época, não julgou conveniente dar-lhes luz completa, percebendo que eles ficariam deslumbrados, visto que não a compreenderiam.

Limitou-se a, de certo modo, apresentar a vida futura apenas como um princípio, como uma lei da Natureza a cuja ação ninguém pode fugir.

Todo cristão, pois, necessariamente crê na vida futura; mas, a idéia que muitos fazem dela é ainda vaga, incompleta e, por isso mesmo, falsa em diversos pontos.

Para grande número de pessoas, não há, a tal respeito, mais do que uma simples crença, falta habitual de certeza absoluta, donde pairam dúvidas e mesmo a incredulidade.

Todo cristão, pois, necessariamente crê na vida futura; mas, a idéia que muitos fazem dela é ainda vaga, incompleta e, por isso mesmo, falsa em diversos pontos.

Para grande número de pessoas, não há, a tal respeito, mais do que uma simples crença, falta habitual de certeza absoluta, donde pairam dúvidas e mesmo a incredulidade.

O Espiritismo e a Vida Futura

O Espiritismo veio completar, nesse ponto, como em vários outros, o ensino do Cristo, fazendo-o quando os homens já se mostram maduros bastante para apreender a verdade.

Com o Espiritismo, a vida futura deixa de ser simples artigo de fé, mera hipótese; torna-se uma realidade material, que os fatos demonstram, porquanto são testemunhas oculares os que a descrevem nas suas fases todas e em todas as suas peripécias, e de tal sorte que, além de impossibilitarem qualquer dúvida a esse propósito, facultam à mais vulgar inteligência a possibilidade de imaginá-la sob seu verdadeiro aspecto.

Com o Espiritismo  a descrição da vida futura é tão circunstancialmente feita, são tão racionais as condições, ditosas ou infortunadas, da existência dos que lá se encontram, quais eles próprios pintam, que cada um, aqui, a seu mau grado, reconhece e declara a si mesmo que não pode ser de outra forma, porquanto, assim sendo, patente fica a verdadeira justiça de Deus.

A idéia clara e precisa que se faça da vida futura proporciona inabalável fé no porvir, fé que acarreta enormes consequências sobre a moralização dos homens, porque muda completamente o ponto de vista sob o qual encaram eles a vida terrena.

Para quem se coloca, pelo pensamento, na vida espiritual, que é indefinida, a vida corpórea se torna simples passagem, breve estada num país ingrato.

As vicissitudes e tribulações dessa vida não passam de incidentes que ele suporta com paciência, por sabê-las de curta duração, devendo seguir-lhes um estado mais ditoso.

À morte nada mais restará de aterrador; deixa de ser a porta que se abre para o nada e torna-se a que dá para a libertação, pela qual entra o exilado numa mansão de bem-aventurança e de paz.

Sabendo temporária e não definitiva a sua estada no lugar onde se encontra, menos atenção presta às preocupações da vida, resultando-lhe daí uma calma de espírito que tira àquela muito do seu amargor.

Pelo simples fato de duvidar da vida futura, o homem dirige todos os seus pensamentos para a vida terrestre. Sem nenhuma certeza quanto ao porvir, dá tudo ao presente. Nenhum bem divisando mais precioso do que os da Terra, torna-se qual a criança que nada mais vê além de seus brinquedos.

E não há o que não faça para conseguir os únicos bens que se lhe afiguram reais. A perda do menor deles lhe ocasiona causticante pesar; um engano, uma decepção, uma ambição insatisfeita, uma injustiça de que seja vítima, o orgulho ou a vaidade feridos são outros tantos tormentos, que lhe transformam a existência numa perene angústia, infligindo-se ele, desse modo, a si próprio, verdadeira tortura de todos os instantes.

Colocando o ponto de vista, de onde considera a vida corpórea, no lugar mesmo em que ele aí se encontra, vastas proporções assume tudo o que o rodeia.

O mal que o atinja, como o bem que toque aos outros, grande importância adquire aos seus olhos.

Àquele que se acha no interior de uma cidade, tudo lhe parece grande: assim os homens que ocupem as altas posições, como os monumentos. Suba ele, porém, a uma montanha, e logo bem pequenos lhe parecerão homens e coisas.

É o que sucede ao que encara a vida terrestre do ponto de vista da vida futura; a Humanidade, tanto quanto as estrelas do firmamento, perde-se na imensidade. Percebe então que grandes e pequenos estão confundidos, como formigas sobre um montículo de terra; que proletários e potentados são da mesma estatura.

Lamenta que essas criaturas efêmeras a tantas canseiras se entreguem para conquistar um lugar que tão pouco as elevará e que por tão pouco tempo conservarão.

Daí se segue que a importância dada aos bens terrenos está sempre em razão inversa da fé na vida futura.

A Vida Futura – Purgatório

O Evangelho não faz nenhuma menção do purgatório, que só foi admitido pela Igreja no ano de 563.

Trata-se inevitavelmente de um dogma mais racional e mais conforme à justiça de Deus que o inferno, pois estabelece penas menos rigorosas e mais aceitáveis para as faltas de mediana gravidade.

A ideia do purgatório funda-se, portanto, no princípio da equidade, pois comparado com a justiça humana equivale à detenção temporária em relação com a pena de condenação.

O que se pensaria de um país que só tivesse a pena de morte para todos os crimes, até os mais simples delitos?

Sem o purgatório só há para as almas as duas alternativas extremas: a felicidade absoluta ou o suplício eterno.

Nesse caso, o que seria das almas culpadas somente de faltas leves?

Ou elas partilhariam a felicidade dos eleitos sem serem perfeitas, ou sofreriam o castigo dos maiores criminosos sem os terem igualado no mal, o que não seria justo nem racional.

Mas a noção do purgatório teria de ser necessariamente incompleta, pois só conhecendo o suplício do fogo procuraram diminui-lo numa idéia atenuada do inferno.

As almas ainda se queimam, mas de maneira menos intensa.

Não conciliável o progresso com o dogma das penas eternas, as almas não podem sair do purgatório através do seu próprio adiantamento, mas sim pela virtude das preces que se fazem ou se mandam fazer em sua intenção.

Se a idéia inicial foi boa, não se deu o mesmo com as suas conseqüências, em razão dos abusos de que ela se tornou fonte. Em virtude das preces pagas o purgatório se transformou numa mina mais produtiva que o inferno.(20)

O lugar do purgatório nunca foi determinado, nem claramente definida a natureza das penas que nele são impostas.

Estava reservado à Nova Revelação preencher esta lacuna ao nos explicar as causas das misérias da vida terrena, que somente o princípio da pluralidade das existências poderia justificar.

Essas misérias são necessariamente resultantes das imperfeições da alma, pois se a alma fosse perfeita não cometeria faltas e não teria de sofrer as suas consequências.

O homem que fosse sóbrio e moderado em tudo, por exemplo, não se tornaria presa das doenças provocadas pelos excessos. Na maioria das vezes ele se torna infeliz neste mundo por sua própria culpa.

Mas ele é imperfeito, já o devia ser antes de vir para a Terra. Aqui ele expia não somente as faltas atuais, mas também as anteriores que não pode antes reparar.

Sofre nesta vida as provas que fez os outros sofrerem numa outra existência. As vicissitudes por que passa são ao mesmo tempo um castigo temporário e uma advertência quanto às imperfeições de que se deve livrar para evitar desgraças futuras e progredir na direção do bem.

Elas são para as almas lições da experiência, às vezes rudes, mas tanto mais aproveitáveis quanto mais profunda a impressão que possam deixar.

Essas vicissitudes proporcionam a oportunidade de lutas incessantes que desenvolvem as suas forças e as suas faculdades morais e intelectuais, fortificando a alma na prática do bem.

Saindo sempre vitoriosa, ela se beneficia se tiver a coragem de enfrentar a prova até o fim.

O prêmio da vitória ela a receberá na vida espiritual, onde entrará radiosa e triunfante como o soldado que sai da refrega e vai receber o seu galardão.

Cada existência representa para a alma a oportunidade de um adiantamento. Depende da sua vontade que esse adiantamento seja o maior possível, permitindo-lhe subir numerosos degraus ou permanecer no mesmo ponto.

Neste último caso ela terá perdido a oportunidade, e como é sempre necessário que cedo ou tarde pague a sua dívida, terá de recomeçar numa nova existência as mesmas lutas em condições mais penosas, porque a uma nódoa que não apagou ela acrescentou outra.

É pois nas encarnações sucessivas que a alma se liberta pouco a pouco das suas imperfeições, que ela se purga, numa palavra, até que se torne bastante pura para merecer libertar-se dos mundos de expiação e ir para os mundos mais felizes, deixando esses mais tarde para gozar da felicidade suprema.

O Purgatório não é, portanto, uma ideia vaga e incerta: é uma realidade material que vemos, tocamos e sofremos.

Ele se encontra nos mundos de expiação e a Terra é um deles.

Os homens expiam nela o seu passado e o seu presente em benefício do seu futuro.

Mas contrariamente à ideia que se faz a respeito, depende de cada um abreviar ou prolongar a sua permanência neste mundo, segundo o grau de adiantamento e depuração a que possa chegar pelo próprio trabalho.

Dela saímos, não por haver completado um certo tempo ou pelos méritos de outros, mas pelo nosso próprio mérito, segundo estas palavras de Cristo: a cada um segundo suas obras, palavras que resumem toda a justiça de Deus.

Aquele que sofre nesta vida pode dizer, portanto, que é por não estar suficientemente depurado e que, se não o fez na existência anterior, terá ainda que sofrer na seguinte. Isto é ao mesmo tempo equitativo e lógico. Sendo o sofrimento inerente à imperfeição, sofre-se por tanto tempo quanto se for imperfeito, como se sofre de uma doença por tanto tempo quanto não se consegue extinguir as suas causas.

É assim que um homem orgulhoso sofrerá as consequências do orgulho, da mesma maneira que um egoísta as do egoísmo.

O purgatório deu origem ao escandaloso comércio das indulgências, com as quais se vendia a entrada no céu. Esse abuso foi a causa primeira da Reforma e foi por causa dele que Lutero rejeitou o purgatório. (N. de Kardec).

— Este caso nos mostra o processo da evolução: o erro da concepção do inferno gerou a ideia do Purgatório, e esta determinou, por sua vez, a reformulação da Teologia cristã e a tentativa de volta ao Cristianismo primitivo, que preparou, com a Reforma protestante, e o caminho ao Espiritismo.

O Espírito culpado sofre primeiramente na vida espiritual em razão dos graus da sua imperfeição; sofre depois na vida corporal que lhe é dada como meio de reparação.

É por isso que ele se reencontra com as pessoas que tenha ofendido, seja em situações semelhantes àquelas em que praticou o mal, seja em situações que representam o seu reverso, como neste exemplo: estar na miséria se foi um mau rico ou numa condição humilhante se foi um orgulhoso.

O fato de haver expiação no mundo espiritual e na Terra não representa um duplo castigo para o Espírito.

É o mesmo castigo que se prolonga na vida terrena, com o fim de facilitar o seu adiantamento através de um trabalho efetivo. Dele depende tirar o proveito.

Não é melhor para ele voltar à Terra com a possibilidade de ganhar o Céu, do que ser condenado sem remissão ao deixá-la?

Esta liberdade que lhe é concedida é uma prova da sabedoria, da bondade e da justiça de Deus, que quer que o homem deva tudo aos seus esforços e seja o artífice do seu futuro. Se ele for infeliz por maior ou menor tempo, não poderá queixar-se senão de si mesmo, pois o caminho do progresso está sempre aberto para ele.

Se considerarmos como é grande o sofrimento de certos Espíritos culpados no mundo invisível, como é terrível a situação de alguns, de que angústias se tornaram presas, quanto essa situação se faz mais penosa pela impossibilidade de lhe verem o fim, poderíamos dizer que isso é para eles o inferno, se essa palavra não implicasse a idéia de um castigo eterno e material.

Graças à revelação dos Espíritos e aos exemplos que eles nos ofereceram, sabemos que a duração da expiação está subordinada ao melhoramento do culpado.

Se considerarmos como é grande o sofrimento de certos Espíritos culpados no mundo invisível, como é terrível a situação de alguns, de que angústias se tornaram presas, quanto essa situação se faz mais penosa pela impossibilidade de lhe verem o fim, poderíamos dizer que isso é para eles o inferno, se essa palavra não implicasse a idéia de um castigo eterno e material.

Graças à revelação dos Espíritos e aos exemplos que eles nos ofereceram, sabemos que a duração da expiação está subordinada ao melhoramento do culpado.

— O Espiritismo não vem, pois, negar a existência das penas futuras, mas pelo contrário constatá-las.

O que ele destrói é a idéia do inferno localizado, com suas fornalhas e suas penas irremissíveis.

Não nega o purgatório, desde que prova que estamos nele.

Define e precisa o purgatório ao explicar a causa das misérias terrenas, e com isso reconduz à crença aqueles que o negavam.

O Espiritismo condena as preces pelos mortos? Bem ao contrário, pois os espíritos sofredores as solicitam. Faz delas um dever de caridade e demonstra a sua eficácia para os conduzir ao bem, abreviando dessa maneira os seus tormentos.(21)

Falando à inteligência, o Espiritismo reconduz os incrédulos à fé, induzindo à prece os que dela se afastavam. Mas ensina que a eficácia das preces depende do pensamento e não das palavras, que as melhores preces são as que partem do coração e não apenas dos lábios, aquelas que são ditas por nós mesmos e não as que mandamos dizer por dinheiro. Quem ousaria reprová-lo por isso?

 

O Espiritismo condena as preces pelos mortos? Bem ao contrário, pois os espíritos sofredores as solicitam. Faz delas um dever de caridade e demonstra a sua eficácia para os conduzir ao bem, abreviando dessa maneira os seus tormentos.(21)

Falando à inteligência, o Espiritismo reconduz os incrédulos à fé, induzindo à prece os que dela se afastavam. Mas ensina que a eficácia das preces depende do pensamento e não das palavras, que as melhores preces são as que partem do coração e não apenas dos lábios, aquelas que são ditas por nós mesmos e não as que mandamos dizer por dinheiro. Quem ousaria reprová-lo por isso?

 

Quer o castigo se verifique na vida espiritual ou na Terra, e qualquer que seja a sua duração, há sempre um termo para ele, mais ou menos longo ou curto.

Não há, na verdade, para o Espírito mais do que estas alternativas: punição temporária e graduada segundo a culpabilidade, ou recompensa graduada segundo o mérito.

O Espiritismo não aceita a terceira, ou seja a da condenação eterna.

O inferno permanece apenas como figura simbólica dos grandes sofrimentos que parecem não ter fim.

O Purgatório é a realidade em que nos encontramos.

A palavra Purgatório exprime a idéia de um lugar circunscrito.

Eis porque se aplica mais naturalmente à Terra, considerada como lugar de expiação, do que ao do espaço infinito em que erram os Espíritos sofredores, e também porque a natureza da expiação terrestre é uma verdadeira purgação.

Quando os homens forem melhores só passarão ao mundo invisível como Espíritos bons, e estes, ao se reencarnarem trarão para a humanidade corpórea somente criaturas aperfeiçoadas.

Então a Terra, deixando de ser um mundo de expiação, os homens não mais sofrerão nela as misérias que são hoje as consequências de suas imperfeições.

É essa a transformação que está em marcha neste momento e que elevará a Terra na hierarquia dos mundos.

Mas por que o Cristo não falou do Purgatório? É que, não existindo a idéia, não havia palavra especial para representá-la.

Ele se serviu da palavra inferno, que estava em uso, como um termo genérico para designar todas as modalidades das penas futuras.

Se ao lado da palavra inferno tivesse criado um termo equivalente a Purgatório, não teria podido precisar-lhe o sentido sem tocar numa questão reservada ao futuro.

Por outro lado, isso seria consagrar a existência de dois lugares especiais de castigo.

O inferno na sua acepção geral, revelando a idéia de punição, implicava também a de Purgatório, que apresenta apenas uma das formas de penalidade.

O futuro, devendo esclarecer os homens sobre a natureza das penas, teria, por isso mesmo, de reduzir o inferno ao seu justo valor.

Kardec propõe a questão relativa ao esclarecimento que o Espírito da Verdade devia trazer para os homens, segundo a promessa evangélica de Jesus, na hora histórica em que estivessem maduros para recebê-lo.

As igrejas cristãs condenaram, como herética a afirmação de Kardec de que o Espiritismo vinha completar o ensino do Cristo.

Kardec lembra, no trecho acima, um dos pontos em que a Igreja o antecipou de vários séculos, fazendo ela mesma um acréscimo no ensino de Jesus.

Mas não repele esse acréscimo, pois reconhece que ele está de acordo com as exigências lógicas da explicação das penas futuras e com a realidade demonstrada pelas comunicações espíritas.

Localizando o Purgatório na Terra, em virtude da natureza expiatória do planeta, Kardec ao mesmo tempo extingue a fonte de rendas das indulgências que provocou a rebelião da Reforma e justifica o protesto de Lutero.

O ESPIRITO DA VERDADE

O espírita encontra na própria fé — o Cristianismo Redivivo — estímulos novos para viver com alegria, pois, com ele, os conceitos fundamentais da existência recebem sopros poderosos de renovação.

A Terra não é prisão de sofrimento eterno.

É escola abençoada das almas.

A felicidade não é miragem do porvir.

É realidade de hoje.

A dor não é forjada por outrem.

É criação do próprio espírito.

O ESPIRITO DA VERDADE

A virtude não é contentamento futuro.

É júbilo que já existe.

A morte não é santificação automática.

É mudança de trabalho e de clima.

O futuro não é surpresa atordoante.

É consequência dos atos presentes.

O bem não é o conforto do próximo, apenas.

É ajuda a nós mesmos.

Deus é Equidade Soberana, não castiga e nem perdoa, mas o ser consciente profere para si as sentenças de absolvição ou culpa ante as Leis Divinas.

Nossa conduta é o processo, nossa consciência o tribunal.

Não nos esqueçamos, portanto, de que, se a Doutrina Espírita dilata o entendimento da vida, amplia a responsabilidade da criatura.

As raízes das grandes provas irrompem do passado — subsolo da nossa existência — e, na estrada da evolução, quem sai de uma vida entra em outra, porque berço e túmulo são, simultaneamente, entradas e saídas em Planos da Vida Eterna.

(Autores diversos — F. C. Xavier / Waldo Vieira)

O PORQUE DA VIDA ?

A imortalidade se assemelha a uma cadeia sem fim e se desenrola para cada um de nós na imensidade dos tempos. Cada existência é um elo que se religa, na frente e atrás, a elos distintos, a vidas diferentes, mas solidárias entre si.

O presente é a consequência do passado e a preparação do futuro. De degrau em degrau, o ser se eleva e cresce.

Artesã de seu próprio destino, a alma humana, livre e responsável, escolhe seu caminho e, se este caminho é mau, as quedas que advirão, as pedras e os espinhos que a dilacerarão, terão o efeito de desenvolver sua experiência e esclarecer sua razão nascente.

(León Denis)